Tuesday, March 15, 2011

Dia 9 - Neblina, neblina e mais neblina

Apesar de saber que há dois vulcões rodeando Wonosobo eu ainda não consegui vê-los dado o estado intermitente de garoa/neblina/chuva da região. E em Dieng sabia que seria bem pior. Meu plano era ir para lá bem cedo, mas acordei com a chuva, tomei café da manhã com ela e fiquei esperando mais um bocado de tempo até ela passar. A viagem até Dieng dura cerca de uma hora, ascende 1.000 metros e passa por montanhas plantações de arroz e verduras, mas pouco ví de tudo isso.

Bem trajado (bermuda e camiseta) desço da minivan e...não consigo enxergar mais do que cinco metros. E com a garoa molhando os óculos, essa distância cai consideravelmente. Talvez a ideia de ter ido mesmo com o tempo ruim não tenha sido tão boa assim, mas já que estava lá tinha de aproveitar de alguma forma. A neblida significava duas coisas: eu não via nada e nem as motos e carros que passavam pela rua, o que de certa forma não era reconfortante em termos de segurança.

A primeira parada foi em um lago (de enxofre, talvez) supostamente azul-turquesa, mas no começo eu mal via o lago em sí. A neblina ia e voltava; mais voltava do que ia. Nos poucos momentos em que ela se ia eu tentava tirar fotos e me localizar. Uma foto aqui, outra alí e uma rápida conversa com algumas turistas de Yogya. Tenho tido muita dificuldade em guardar os nomes das pessoas, seja porque eles são difíceis, seja porque meu cérebro sabe que nunca mais vou vê-las, então se encarrega de apagar a informação assim que ela é recebida. Só que isso não acontece com as pessoas aqui. Depois desse lago fiquei um tempo embaixo de uma cobertura esperando a chuva passar e depois fui para uma cratera com poças d'água borbulhantes. Quase chegando lá, sem enxergar nada eu ouço chamarem o meu nome. Primeiro pensei que o enxofre do lugar devia estar me afetando, mas tornam a chamar meu nome. Eram as turistas de Yogya que, ao contrário de mim, não tem dificuldade em guardar nomes.

Ouso dizer que esse lugar foi um dos lugares mais divertidos em que estive. Não há seguranças e nem grades impedindo a movimentação, o que significa que você pode ir pra qualquer lugar da cratera. Tons de amarelo, cheiro de ovo cozido, água borbulhando e neblina formavam o clima de um filme nos confins do universo. E o melhor de tudo é que não tinha ninguém mesmo. Por uns minutos a neblina impedia de ver o caminho, tornando tudo mais perigoso, digo, divertido. Fiquei umas duas horas andando pra lá e pra cá, limpando os óculos toda hora, até que a neblina se desfez e uma horda de pessoas chegou no lugar. O que antes parecia os confins gelados e insólitos do universo se transformou em uma atração de um parque de diversões medíocre.

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