Wednesday, December 31, 2008

Dia 111 - Ano Novo

Feliz Ano Novo.

Familia, amigos, boa comida e fogos. Mas pelo menos e na praia! :)

Tuesday, December 30, 2008

Dia 110 - Puducherry

Como vem se tornando uma constante na India, o meu deslocamento de Trichy para Puducherry envolveu diversos meios de transporte, onibus local, muito desconforto e um pouco de aventura dada as condicoes da estrada e o arrojo dos motoristas.
Puducherry e uma cidade que foge um pouco (veja bem, eu disse UM POUCO) dos padroes das cidades indianas que eu vi ate entao. A cidade e relativamente limpa, os edificios (em estilo frances) bem conservados e a poluicao sonora... bem, isso deve ser padrao em toda India! O Que torna a cidade ainda mais agradavel e o fato de que ela se localiza no litoral. Muito embora a praia (no melhor sentido da palavra) mais perto fique a 8km, ver um fio de areia, muitas pedras e o mar tentando avancar ja e o suficiente para mim. Uma vez que transporte esta sendo um problema, e bem provavel que eu fique uns bons dias por aqui.

Dia 109 - Transporte

Em uma semana de India ainda nao tive o privilegio de andar na segunda maior malha ferroviaria do mundo. Primeiro porque eu ainda nao fiz deslocamentos muito grandes e segundo, e mais importante, e que todos os trens para todos os lugares que eu pesquisei estao totalmente cheios ate o meio da semana que vem. Para piorar (agora a culpa e minha), tenho poucas informacoes sobre os meios de reserva e sobre a cota para turistas estrangeiros (ela existe).
Isso pode fazer com que: i) o meu roteiro seja dramaticamente alterado; ii) eu tenha que recorrer ao transporte aereo.
Qualquer que seja a decisao, ele tem de ser tomada logo afinal, tempo e o que eu menos tenho agora, ja que em menos de dois meses eu estou de volta.

Saturday, December 27, 2008

Dia 108 - Assuntos diversos e aleatorios

i) eu gostaria muito de saber qual a repercussao (se e que ha alguma) da situacao entre a India e o Paquistao. Todos os telejornais e midia impressa passam o dia falando do clima de tensao e iminente guerra entre os paises. Dia desses o Paquistao fez uma demosntracao aerea e moveu 20.000 homens da fronteira com o Afeganistao para a fronteira com a India. Todos sabemos que o clima nunca foi la muito amistoso desde a independencia e que hora ou outra um conflito eclode e que provavelmente isso e so um jogo de cena dos dois paises. Afinal, ninguem vai entrar em guerra no Ano Novo (como se tivesse data certa para isso), muito menos no periodo no qual EU estou na India. Lembrem-se: nunca acontece com a gente!
ii) estou hospedado em frente a estacao de onibus e muito perto da estacao de trem. Tenho a vantagem de nao precisar de conducao para me deslocar para outra cidade e a ENORME desvantagem de ter que aguentar 24hs de buzinas. O terminal de onibus e muito movimentado, com dezenas de onibus saindo a cada minuto, o que surpreende quando consideramos uma cidade de menos de um milhao de habitantes. Como ja falei anteriormente, os indianos gostam de buzinar mais do que ninguem e nao importa a hora/lugar/motivo; o importante e buzinar o maior numero de vezes e o mais alto possivel. Tres da manha voce ouve a bela sinfonia que vem do terminal de das ruas adjacentes.
iii) ironicamente (pelo menos ate agora) a India tem me decepcionado muito no quesito "computadores". A conexao e bem rapida, mas as ferramentas... . Ja tentei pelo menos uns cinco lugares diferentes e todos tem computadores com pelo menos dez anos de vida. E ate ontem, nenhum dos que eu tinha tentado tinha USB, ou seja, nao poderia transferir as fotos da maquina para o pen drive. Quando eu consigo um lugar que me permita fazer isso, eu ganho virus de presente. As fotos estao em perigo novamente.

Dia 107 - Bate e volta

Aqui na India eu resolvi colocar em pratica uma tatica que ira facilitar a minha vida, muito embora a primeira vista o objetivo dela pareca exatamente o contrario. Em muitos casos, as cidades de interesse sao muito proximas entre si (100 km de distancia) e, apesar de interessantes, nao tem apelo suficiente para que eu fique mais do que um dia nelas. Pensando nisso e para o bem da viagem, tentarei sempre ficar em uma cidade "central" e fazer viagens de um dia para outras cidades a partir dela ao inves de ficar pingando todo dia em uma cidade diferente.

Com isso eu nao so economizo tempo (eu sei que parece o contrario) ja que nao tenhoque fazer as malas/ir prarodoviaria/pegar onibus/procurar lugar pra ficar/desfazer as malas/procurar lugar pra comer/etc, como tambem me canso muito menos, mesmo nao parecendo.

Hoje eu pus em pratica essa tatica: acordei cedo fui para a rodoviaria (que merece um texto a parte, por sinal) e peguei um onibus local rumo a Thanjavur, distante uns 80km de Trichy para ver um templo dos mais famosos do sul da India. O onibus intermunicipal nada mais e do que um onibus comum (uma fileira de dois bancos e uma de tres) com musica (sempre presente). O onibus faz paradas estrategicas, na ha reservas e voce paga dentro do onibus para um cobrador que anda pra um lado e para o outro o tempo todo. A viagem, como voces poderia imaginar, e bem interessante, seja pela quantidade de pessoas dentro do coletivo, a musica ambiente,o constante apertar de buzina ou as manobras super arrojadas do condutor. Fui, vi o que tinha que ver e voltei.

Apesar de estarmos na alta temporada, nao tenho visto tantos turistas. Talvez eles estejam concentrados em algum lugar mais turistico para o Ano Novo ou estejam com medo de vir pra ca, seja pelos atentados em Mumbai, seja pelo clima de guerra entre India e Paquistao (assunto que tambem merece um texto a parte).

Friday, December 26, 2008

Dia 106 - Comida

Um dos grandes atrativos da Índia é, obviamente, a sua rica culinária. O sétimo maior país do mundo proporciona a quem o visita uma infinidade de possibilidades, cheiros e gostos e imagino que esse será um assunto decorrente daqui pra frente por aqui.

O primeiro conselho que qualquer um recebe antes de ir pra Índia é pra pegar leve no começo e não comer carne. Claro que isso não se aplica totalmente a mim, uma vez que já estou um bom tempo na estrada e já provei de tudo, inclusive comida indiana. Entretanto, mesmo que eu quisesse comer carne, isso parece algo quase impossível de acontecer aqui em Trichy visto que TODOS os restaurantes que eu vi até agora servem apenas comida vegetariana. Não que isso seja ruim, longe disso, mas eu preciso de alguma carne pra ter uma dieta rica e balanceada, como diria qualquer comercial de iogurte.

Outra preocupação é com a qualidade da comida que é oferecida. Isso eu tembém acho um grande exagero já que você pode passar mal se comer em algum gueto do centro de SP. Mesmo assim, precauções são sempre bem-vindas e, portanto, eu sempre como em lugares BEM movimentados e com mães e crianças no meio afinal, mãe que é mãe não leva os filhos pra comer em qualquer espelunca! Além da higiene do local, você deve se preocupar com a sua própria higiene, pois vem de suas mãos a maior quantidade de germes e bactérias que podem lhe fazer mal. Novamente, nada que uma àgua com sabão não resolva.

E a comida aqui é barata, MAMUITO barata mesmo! Com dois dólares você come como um rei. Quer dizer, você come com as mãos, como um plebeu, mas o que importa é a quantidade. Toda vez que eu vou comer, peço para o garçon me indicar algum prato assim eu vario um pouco o que eu como. E hoje, graças a uma dessas indicações, eu comi com as mãs pela primeira vez. Está aí uma coisa que eu tentarei evitar ao máximo, não muito por questões de higiene, mas mais pela comodidade de comer com colher/garfo e não se lambuzar todo. Mas como isso está arraigado na cultura indiana e "quem sou eu pra dizer o contrário?", adaptar é preciso!

O almoço de hoje foi servido em uma fola de bananeira. Nela, foram colocadas algumas misturas tais quais: pepino com leite de coco (médio), vegetais verdes diversos (bom), cenoura com mais alguma coisa que eu não consegui identificar (bom). Além das misturas, o TRADICIONAL arroz (não aguento mais arroz!) e alguns molhos, doces e apimentados. Como o restaurante estava cheio, acabei me sentando em uma mesa já ocupada por duas pessoas, o que foi de boa valia, já que eu prestava atenção na maneira como as elas comiam e copiava. Monkey see, monkey do!
O mais interessante é que arroz e misturas são repostos pelo tanto de vezes que você quiser e que tudo isso custa menos do que um dólar. Menos de um dólar pra comer como um rei/plebeu!

Thursday, December 25, 2008

Dia 105 - Templos e coisa e tal

Hoje é o meu primeiro dia "oficial" na Índia e para não deixar o costme de lado, sai andando a esmo a procura das atrações da cidade. Como aqui é muito quente e os templos são um pouco distantes do centro, resolvi fazer parte do percurso de ônibus, aproveitando o fato de que o terminal fica (literalmente) na frente de onde estou hospedado. Antes de pegar o ônibs, entretanto, fiquei uns bons minutos observando o movimento do local. Observando as pessoas passando e ouvindo a incessante sinfonia dos ônibus que por alí passavam. Aqui, o que importa é buzinar o mais alto possível e o maior número de vezes. Isso se torna extremamente irritante na medida em que isso ocorre em qualquer situação e em qualquer parte da cidade.

Ônibus por aqui é extremamente barato. Pela viagem de pouco mais de três quilômetros eu paguei o equivalente a 25 centavos de Real. A primeira parada foi no que talvez seja o marco da cidade, um templo no topo de uma montanha. Aí foi o de sempre: tira o tênis, paga pra usar a câmera, tira foto com locais, quase é enganado por um deles e tira fotos panorâmicas da cidade. Dalí, andei uns bons cinco quilômetros até chegar em m colosso de 73m de altura. Andei, tirei ma meia dúzia de fotos e voltei, pois não quero me enjoar tão rápido de ver templos.

Não irei me enjoar da cidade, muito embora ela esteja em um patamar entre o que ví em Myanmar e o que ví na Indonésia. Por enquanto, tudo é novidade e a curiosidade ainda está bastante aguçada. Pelo menos nessa parte da Índia, tal qual em Myanmar, os homens também usam a saia a qal me referí anteriormente e até o jeito de falar é meio parecido. A princípio, os indianos não parecem muito amigáveis e eles geralmente só sorriem pra você qando você toma a iniciativa.

Ah, Feliz Natal, muito embora e esteja totalmente alheio à ele nesse ano.

Wednesday, December 24, 2008

Dia 104 - Incredible India

Antes de tudo, peco a paciencia de todos em relacao ao texto; nao consigo colocar acentos, seja pelas configuracoes de seguranca do computador, seja pelo fato que o mesmo nao aceita o meu pen-drive empedindo o acesso ao meu arquivo particular de acentos.

Hoje comecou o terco final da viagem. Por volta das dez da manha, desembarquei no (bem) modesto aeroporto internacional de Tiruchirappalli (ou Trichy, para os mais chegados), na India. O processo de imigracao foi bem rapido e depois de trocar meia duzia de dolares por dinheiros indianos, eu ja estava na rua negociando com os tuk-tuk (muito embora eles chamem de rickshaw aqui) para a corrida ate o centro da cidade.

Quando comecei a planejar a viagem pra India, nao fazia ideia da existencia de Trichy e nem cogitava viajar pelo sul do pais. Entretanto, fui seduzido pela "proposta" da Air Asia, que nesse mes inaugurou a rota Kuala Lumpur - Trichy, por apenas duzentos dolares, metade do preco das outras cias aereas. Trichy fica bem no sul, na regiao de Tamil Nadu, que tem lingua e alfabeto proprios, o ultimo, bem parecido com o de Myanmar. O sul da India e conhecido pelos grandes complexos de imponentes templos e essa e a melhor hora para viajar por aqui, ja que o calor deu uma tregua, assim como as moncoes.

Quando eu pisei na cidade, fiquei aliviado por ter viajado por Myanmar e Sumatra antes de vir pra ca. Poeira, poluicao, vacas, barulho e caos; tudo que eu tinha visto nos destinos citados anteriormente esta presente aqui e numa escala dezenas de vezes maior. So que eu quase nao percebo isso, seja por ja estar vacinado ou pelo simples fato de que eu estou na India, lugar que eu sempre quis ir.

Por causa de um festival que dura boa parte do mes e em menor grau por causa do Natal, quase todos os lugares estao cheios e eu tive que "esbanjar" um pouco se eu quisesse dormir embaixo de um teto hoje. Por dez dolares peguei um quarto com o basico (cama de casal, banheiro e ventilador) e mais televisao a cabo, vejam so! Tudo bem que boa parte dos canais sao direcionados para os indianos, mas descobri que ha novamente uma tensao entre India e Paquistao, com os dois lados ameacando entrar em guerra (e voltando atras quando o outro concorda).

Monday, December 22, 2008

Dia 103 - O final de um capítulo

Está terminada a minha viagem pelo Sudeste Asiático. Cento e três dias, seis países e vinte e duas cidades depois eu estou cansado, mas muito ansioso para ir logo para a Índia. Ao invés de fazer uma lista com os melhores lugares, farei uma lista com o que há de melhor em cada país, ainda que quem acompanhe o blog com frequência saiba quais os meus lugares favoritos.

Tailândia - Bangkok: teoricamente a Tailândia inteira ganha pelo "conjunto da obra", já que toda cidade média tem estrutura para o turismo e o país oferece desde praias, passando por trekkings e é claro, templos, muitos deles. Entretanto, eu prefiro Bangkok, já que sempre era um alívio enorme voltar pra cidade de passar por lugares como Vientiane (lembrem-se de nunca ir pra essa cidade) e Myanmar. Fura-fila, metrô, dezenas de "Minhocões" espalhados pela cidade, inúmeros shoppings, viajar de barco no rio, incontáveis vendedores de comida na rua, comida BOA e BARATA, templos, templos e mais templos...

Laos - Luang Prabang...

O resto fica pra depois. Tem pelo menos uma dezena de chineses ouvindo música EMO e gritando sem parar aqui. Não tenho paciência pra isso.

Enfim, amanhã começa uma nova jornada, na Índia, minha última parada antes de voltar! Como falei no começo, estou muito ansioso o que, apesar do cansaço, mostra que eu ainda estou empolgado com a viagem.

Sunday, December 21, 2008

Dia 102 - Melaka

Melaka é uma cidade com um bocado de história, uma parte dela relacionada aos portugueses que por aqui fincaram bandeira em meados do século XVI e ficaram até a invasão holandesa no século seguinte. No século seguinte, como vocês podem imaginar, Melaka foi invadida novamente, dessa vez pelos ingleses. A justificativa para tantas invasões está na localização estratégica da cidade, e quem a dominasse, controlaria Estreito de Melaka. que fica entre a Malásia e a ilha de Sumatra.

Todos que inavdiram Melaka deixaram alguma contribuição e é graças a ela que a cidade tornou-se, esse ano, Patrimônio Histórico da Unesco. Isso significa que ela é MUITO BEM cuidada, até demais para o meu gosto. Prédios antigos bem conservados, ruas asfaltadas e limpas, muitos museus, Chinatown iluminada...enfim, uma bela cidade que funciona como um imã para turistas já que além disso ela possui dois ENORMES complexos de Shoppings e tem mais um sendo construído.

Apesar da cidade ser grande, os principais pontos de interesse podem ser vistos em meio dia, à exceção do assentamento português que fica um pouco distante do centro. E era esse o meu objetivo ao vir pra cá. Achava que ia encontrar uma mini-Lisboa, com letreiros em português, homens de bigode e tudo, mas o que encontrei por lá foi uma decepção só. Apesar de se chamar "Assentamento Português", só ví chineses e nada, nada que lembrasse a terrinha. Minto, por todos os lugares havia o letreiro "Assentamento Português", escrito em inglês, chinês e na língua local.

Tenho usado esses dias na Malásia pra comer MUITO e criar "gordura" pra Índia. A despeito dos meus esforços, meu peso continua o mesmo há dois meses.

Dia 101 - Mais uma viagem

Tinha tudo pra ser uma viagem curta, bem planejada e sem sobressaltos, mas obviamente que nada disso aconteceu. O ônibus de Bukittinggi para Dumai sairia as 7 da noite, mas é claro que isso não aconteceu! Choveu, eu cheguei atrasado na rodoviária, ela estava às escuras e eu pensei que tinha perdido o ônibus quando, do meio das trevas, surge um indivíduo falando "Dumai? No problem!". E de fato não era, já que o ônibus chegou uma hora depois.
Ao contrário da última viagem, resolvi fazer esse trecho em um ônibus sem ar-condicionado, acreditando que, já que vão fumar dentro dele dequalquer jeito, que seja em um ambiente não-controlado, escolha que se mostrou bem acertada. Dentro do ônibus, o de sempre: gente fumando, gente gritando, gente comendo os mais diversos tipos de comida e uma música MUITO ALTA, mesmo quando a madrugada avançava.
Cheguei em Dumai um pouco antes das 7 e achava que daria tempo para pegar o primeiro barco para a Malásia, que sai às 8h30. Ledo engano. Como sempre, fui assediado e posteriormente enganado por pessoas que se diziam agentes de uma empresa que vende as passagens para a Malásia. O preço que me oefereceram era muito além daquele que eu tinha como base, desisti de comprar com eles e fui direto ao porto, entretanto já era tarde.
Consegui comprar a passagem para as 10h30 e é claro que o barco não saiu nesse horário. Atrasou mais de uma hora e cheguei na Malásia as 3 da tarde, depois de quase vinte horas de viagem. Pela terceira semana seguida, eu perco o meu sagrado domingo, muito embora durante uma viagem você não nota muito a diferença entre os dias.

Saturday, December 20, 2008

Dia 100 - Último dia na Indonésia

Eu poderia escrever por parágrafos e parágrafos sobre os cem primeiros dias de viagem, afinal, é uma marca bastante interessante porém, como é meu último dia na Indonésia, resolvi resumir o que foram esses dez dias nesse simpático país.

Quando eu vim pra cá, já sabia que não ficaria mais do que dez dias, já que logo eu pegaria um vôo para a Índia. Dez dias para um país das dimensões da Indonésia, com milhares de ilhas não é nada. Dez dias para apenas uma das ilhas também está muito longe de ser suficiente. Portanto, ao invés de me cansar e mudar de cidade a cada dois dias, me limitei à duas cidades: Medan, a cidade de entrada e Bukittinggi, a cidade de saída. Isso não só me possibilitou conhecer e aproveitar melhor as duas cidades, como também evitou que eu me cansasse, muito embora a viagem Medan-Bukittinggi quase tenha acabado (literalmente) comigo.

Não sei se vale para o restante da Indonésia, mas Sumatra é a região na qual eu mais me senti em casa, não apenas pelo clima e paisagens, mas também pela hospitalidade das pessoas. E a hospitalidade e curiosidade não se resumem apenas à olhares esporádicos; ao contrário de tailandeses, cambojanos e [gentílico de Myanmar], o povo de Sumatra pára você na rua, pede para tirar foto, "entrevista"; convida pra tomar chá (lembrem-se, é um país muçulmano, portanto a cerveja é rara) e consegue desenvolver uma conversa que vai bem além do básico.

Em resumo, apesar dos textos curtos e quase sem informação, Sumatra foi uma ótima escolha e com certeza um dos melhores momentos da viagem.

Dia 99 - Comentários

Pessoas, eu sei que o nível dos textos está longe do que era nas primeiras semanas de viagem, mas isso não é desculpa pra vocês não comentarem!

Friday, December 19, 2008

Dia 98 - Faculdade

Ontem eu fui convidado para assistir algumas aulas do curso de Inglês de uma pequena faculdade aqui perto, uma ótima oportunidade para ver como são os métodos de ensino por aqui. Quando me disseram que o lugar era pequeno, não estavam mentindo. Com uma meia dúzia de salas e um total de duzentos estudantes, ela é do mesmo porte de uma escola de línguas. Além do inglês, o japonês também é ensinado e eu tive a oportunidade de praticar (e esgotar após meia dúzia de palavras) todos os meus conhecimentos da língua nipônica.

O que eu não esperava (tá, eu esperava sim), era que de espectador eu passasse a instrutor. Sempre que eles podem, eles convidam um estrangeiro, de preferência com fluência em inglês (que não é o meu caso, mas eles não tinham muitas opções), para praticar o que eles parendem em sala. Os vinte e tantos estudantes foram dispostos em um semi-círculo à minha volta e aí começou uma espécie de sabatina, na qual cada estudante tinha de fazer algumas perguntas e conversar comigo, em uma espécie de teste, coordenado pela professora.

As perguntas iam desde a minha viagem, passando pelo Brasil, opinião sobre religião e por aí vai. E pra mim foi a oportunidade perfeita pra falar um pouco mais sobre o Brasil; desenhei o mapa na lousa, dividi as regiões, falei sobre escravidão, fluxos migratórios, política e, é claro, futebol. Depois de pouco mais de duas horas (e como eu falei!), ainda dei a idéia de que todos os alunos deveriam escrever um texto de pelo menos uma página sobre as impressões que eles tiveram do convidado estrangeiro. No final, torca de e-mails, fotos e a minha promessa de verificar se a USPO tem algum convênio (eu sei que não deve ter) com alguma universidade da Indonésia.

Thursday, December 18, 2008

Dia 97 - Ronaldinho

Em uma das minhas andanças a esmo fui parar em um pequeno vilarejo a pouco mais de trinta minutos de onde estou hospedado. Lá, crianças entre cinco e dez anos brincavam de bobinho. Olhei durante alguns minutos, até que alguém veio perguntar meu nome e de que país eu era. Após a minha resposta, a primeira coisa que ouvi, na verdade a primeira coisa que todos falam, foi "Ronaldinho!". Ao ouvir isso, não tive dúvidas e pedi pra entrar no jogo e comprovar que sou brasileiro mesmo! No meio de um monte de crianças, não só eu pareço um gigante, como também pareço bom de bola, como todos puderam comprovar após algumas boas jogadas.

Os dias têm sido mais parados do que o normal por causa das chuvas e também pelo meu planejamento da viagem à Índia. Falando nisso, a despeito de muitos palpites, ninguém acertou o nome de Tiruchirappalli, minha primeira parada no país. Entretanto, os palpites me inspiraram a visitar as demais cidades indianas com nomes bizarros começados com a letra T.

Dia 96 - Bukittinggi

Bukittinggi é uma pequena cidade localizada perto do Equador, a mais ou menos 1000m acima do nível do mar. Graças a isso, ela não é tão insuportavelmente quente durante o dia e é até agradável durante à noite. Cercada por três vulcões e com muitas colinas, é o lugar perfeito para andar sem rumo ou apenas ficar sem fazer nada. Os dias são nublados e as noites chuvosas, por isso ainda não ví os vulcões, sempre envoltos pelas nuvens.

Decidí não arriscar subir um deles e nem ir para um lago localizado a duas horas daqui. Ao invés disso, terminarei de ler os livros que comprei no Laos (e diminuir o peso da mala) e planejarei as primeiras semanas na Índia. E estou me sentindo uma celebridade por aqui. Não só todas as pessoas me dizem oi, como muitas pedem pra tirar foto, me oferecem comida, entre outras coisas.

Dia 95 - Surpresa

Algum desocupado surrupiou a minha senha do Google e fez graça ao apagar o blog. Sorte a minha que o Google, Praise the Lord!, guardou todos os textos em cache. Só tive o trabalho de republicar três meses de viagem.

Dias 93 e 94 - A viagem mais épica

Já cansei de dizer aqui que gosto de fazer os deslocamentos de ônibus, seja porque é mais barato, pela possibilidade de apreciar a paisagem ou para ter contato com os locais, as viagens de ônibus são sempre uma parte importante de qualquer viagem. Aqui na Indonésia as passagens aéreas são baratíssimas, só que as companhias aéreas pecam bastante na segurança, com seguidos acidentes, chegando ao ponto da União Européia colocar TODAS as cias aéreas da Indonésia em uma lista negra. Mais um motivo para usar o transporte terrestre, entretanto, eu mal sabia que essa viagem não seria como as outras.

De acordo com o meu guia de viagem, apesar da distância entre Medan e Bukittinggi ser algo como São Paulo e Curitiba, o tempo de viagem superava as VINTE HORAS. Cheguei na rodoviária por volta do meio-dia na esperança de pegar o primeiro ônibus da tarde. Para minha felicidade ninguém falava inglês e eu tive que me virar do avesso pra comprar a passagem. De acordo com quem me vendeu, o ônibus sairia as quatro da tarde e demoraria doze horas pra chegar ao destino final. Foi aí que começou a discussão: gesticulando com as mãos (como se adiantasse algo) e falando as horas na língua indonésia, eu tentei entender porque ele falou doze horas se na verdade eram mais de vinte. Após dez minutos dessa encenação teatral, ele me deu a infomação que eu não queria ouvir: o ônibus realmente demoraria mais de vinte horas pra chegar em Bukittinggi.

Pouco depois das três horas caiu um pé d'`agua bíblico e, como vocês podem imaginar, o ônibus atrasou. Quando ele chegou ainda chovia e ele parou entre a plataforma e um rio d'`agua. Enxarquei o tênis na àgua lodosa e entrei no ônibus. Como sempre, o ar-condicionado estava ligado na posição padrão: BRISA SIBERIANA; depois as pessoas reclamam do fato de ficarem doentes com facilidade. Poucos minutos depois, aninhado no meu banco, eu começo a sentir um cheiro de cigarro. À primeira vista, pensei ser do ar-condicionado, entretanto, uma olhada mais atenta fez com que eu ficasse surpreso: nada menos do que quatro pessoas estavam fumando no ônibus. Fumando no ônibus. Fumando no ônibus com ar-condicionado. Que tipo de pessoa má e sem coração fuma em um ônibus com AMBIENTE CLIMATIZADO, pensei eu. Não apenas porque isso me incomodava bastante, mas também pelo fato de qu tinha alguns bebês no local. Como ninguém falou nada, não sou eu, o estrangeiro que não entende patavinas da cultura local, que vai falar algo contra. Serão longas vinte horas...

A estrada está entre as piores que eu já peguei na minha vida. Imagine vinte horas descendo e subindo a serra, mas em uma estrada toda esburacada e com uma pista só. Está pra aparecer algo mais agradável do que isso!! Durante o percurso, perdi a conta de quantas vezes o ônibus foi para o acostamento para dar passagem ou ultrapassar outros veículos, quantas vezes ele quase bateu e quantas vezes ele parou para que os passageiros descessem e rezassem. E as pessoas continuavam fumando. FUMANDO EM UM AMBIENTE FECHADO.

Vinte e quatro horas depois eu cheguei. Depois eu reclamo de estar cansado. Duas viagens de 24h em uma semana...

Dia 92 - Língua Indonésia

A minha vinda pra Indonésia estava cercada de grandes expectativas: em menor grau, pela experiência de vivenciar o dia-a-dia de um país islâmico, muito embora por aqui ele seja muito mais brando do que no Oriente Médio; e em maior grau pela possibilidade de finalmente ter contato e aprender uma língua mais familiar aos nossos ouvidos e olhos. A língua da Indonésia utiliza o alfabeto romano, algumas palavras derivadas do inglês, pronúncias parecidas com o português e a mágica combinação consoante-vogal-consoante-vogal.

A maior facilidade e familiaridade fizeram com que, antes mesmo de chegar aqui, eu já soubesse mais do que qualquer outra língua com a qual tive contato na viagem. E isso me assustou um pouco, principalmente quando parei pra pensar e contar quantas palavras eu já sabia. Pra ajudar, comprei, em Medan, um dicionário e um pequeno livro pra aprender a língua local. O único problema desse livro é que o objetivo dele é aprender inglês usando a língua indonésia; como o meu objetivo é exatamente o oposto, tenho de fazer o processo reverso para aprender.

A estrutura da língua indonésia é muito, MAMUITOSIMPLES de entender, muito embora ela não pareça fazer sentido no início. Tomemos como exemplo a palavra sol, que na língua local é matahari; hari é dia, enquanto que mata é olho; não sei se eu tenho a imaginação muito fértil, mas isso faz muito sentido. Outro exemplo: café-da-manhã é makan pagi, onde makan é o verbo comer e pagi é manhã; comer manhã. É muito simples!

Dia 91 - Natal

Ontem, logo após terminar de escrever o texto do dia, conheci um grupo de locais; quer dizer, eles me conheceram, visto que eu saí andando e só parei depois de ouvir alguns "Ei!". Uma coisa boa da Indonésia é que as pessoas falam um inglês plenamente compreensível, o que ajuda muito na comunicação. Papo vai, papo vem e eu sou convidado para uma cerimônia no dia de hoje. A cerimônia, uma comemoração antecipada do Natal (com padre e tudo) em um hotel local. Primeira coisa que veio na minha cabeça: como que eu, no MAIOR país muçulmano do mundo, acabo participando de uma cerimônia cristâ?". Pergunta sem resposta...

Antes de dizer sim (e é claro que eu iria dizer sim), perguntei se ia ter makanan gratis. Como a resposta foi positiva, não titubeei e confirmei a minha presença. Comigo, três católicos e uma muçulmana. No local, o que mais chamava a atenção eram as mulheres, muito bem vestidas e com penteados de dar inveja à Hebe. Toda celebração durou mais de quatro horas, com tudo o que tem direito: padre, coros, músicas aleatórias, crianças fazendo graça e, é claro, comida da boa.

Wednesday, December 17, 2008

Dia 90 - Três meses

Os dias, semanas e meses passam cada vez mais rápido. Viajar por tanto tempo, como todos sabem, cansa. Cansa porque você acaba entrando, mesmo que à contra-gosto, em uma rotina: faz as malas, pega ônibus/avião/trem/barco, fica horas na estrada/ar/mar, chega na nova cidade, procura um lugar pra ficar, desfaz as malas, troca dinheiro, pocura um lugar pra comer, vê as atrações turísticas, compra uma passagem pra outra cidade, faz as malas e começa tudo novamente. Nesses três meses eu fiz esse exercício pelo menos vinte vezes, o que dá uma vez a cada pouco mais de quatro dias. Não que eu esteja reclamando, longe disso! Ironicamente, quanto mais eu mudo de lugar, mais dá vontade de continuar viajando, muito embora isso tenha a contra-partida do cansaço como eu já falei.

Conforme a viagem se desenrola, eu fico mais criterioso na escolha do lugar pra dormir, o que me coloca no sentido oposto da maioria das pessoas que eu tive contato por aqui. Grande parte de quem viaja procura ficar nos lugares mais baratos possíveis pra poder gastar essa economia em, sei lá, cigarros, drogas, prostitutas. E apesar de eu gastar em média o dobro do que eles gastam, no total diário gastamos a mesma quantia. Ao invés de gastar com as coisas acima citadas, eu durmo em um lugar maior, mais confortável, com mais privacidade e principalmente, LIMPO.

Em relação ao dia 60, muita coisa mudou! Eu quase não fui pra Indonésia, estou aqui agora, passei dois dias na Malásia, talvez passarei por Cingapura, com certeza irei à Kuala Lumpur e viajarei pra Índia antes do Natal. Falando em Índia, a promoção continua: quem adivinhar o nome da cidade ganha um prêmio que eu ainda não sei qual é.

Falando em Indonésia, acabei de chegar em Medan que, se não me falha a memória, é a maior cidade de Sumatra. Medan é muito parecida com o que eu irei encontrar na Índia; grande, suja e caótica. Gostaria de ficar aqui até sexta para ver a reza em massa na (enorme) Mesjid que fica ao lado de onde estou hospedado, mas como meu tempo é curto, deverei partir ainda amanhã.

Dia 89 - (Possível) Finalização do roteiro

Agora é pra valer! Depois de mudanças e algumas frustrações, comprei as derradeiras passagens e terminei de delinear o meu futuro nos próximos dois meses. Como eu sou brasileiro e não desisto nunca, arrumei um jeito de ir pra Indonésia, muito embora ela não seja o mais convencional; amanhã pela manhã pegarei um barco e seis horas depois desembarcarei na ilha de Sumatra, mais precisamente na cidade de Medan, relativamente próximo de Banda Aceh, lugar devastado pelo tsunami de proporções épicas em 2004.

Excluirei Java e me concentrarei apenas em Sumatra pelas próximas duas semanas. Optei por isso para mudar um pouco a rotina de ver templos que adotei desde que cheguei no Sudeste Asiático. Em Sumatra, verei vulcões, lagos, florestas, praias e tribos, uma mudança muito mais do que bem-vinda para mim. E além disso, terei a oportunidade de reforçar meus conhecimentos da língua indonésia.

Depois de viajar por Sumatra, voltarei para o continente e terminarei o meu ciclo em Kuala Lumpur! É amigos, não tinha dado certo da última vez, mas agora vai! De lá, eu pegarei um vôo no dia 24 de dezembro para a última parada da viagem; a Índia! Agora vem a parte legal: eu passarei o Natal em uma cidade que eu nunca tinha ouvido falar e que tem um nome bem sonoro, que começa com a letra "T". Ganhará um prêmio especial aquele que adivinhar o nome da cidade!

Com isso, começa a cair a ficha de que a viagem logo chegará ao seu fim. em pouco mais de dois meses. E com esse texto, eu finalmente escrevi todos os dias perdidos em Myanmar! Foi um tanto estranho escrever sobre sensações duas semanas depois de elas terem ocorrido, mas agora voltarei a escrever com mais afinco o dia-a-dia da viagem!

Dia 88 - Em casa

A minha ida para a Indonésia era cercada de muitas expectativas de minha parte. Não apenas pela possibilidade de escalar vulcões e conhecer tribos, mas principalmente pela possibilidade de aprender um idioma aparentemente simples de ser assimilado. Apesar de eu não ter ido para a Indonésia, a Malásia compartilha da mesma língua que aquele país. A língua malásia deve ter uma correspondência de pelo menos 95% com a língua indonésia pelo que me disseram.

Depois de quase três meses me virando pra tentar entender os alfabetos estranhos e falas baseadas em tons, é recompensador chegar na Malásia e ver uma língua que usa o mesmo alfaneto que o nosso. Não apenas o alfabeto é o mesmo, como algumas palavras são derivadas do inglês ou são auto-sugestivas no que tange à sua pronúncia. Eu não entendo quase nada, mas a familiaridade com o idioma é imensa. Eles usam muitas vogais, a letra "k" e muitas palavras terminam em "anan". Eu posso não entender, mas consigo pronúnciar, até com certa clareza, o que eu vejo escrito!

Soma-se a isso o fato de que eu vim pra cá "estudado", ou seja, ao contrário dos outros idiomas, eu já sabia bastante coisa antes de vir pra cá. E como muitos letreiros tem a versão em inglês abaixo, o aprendizado torna-se ainda mais fácil! Assim que eu for para uma cidade maior, procurarei algum livro que ensine o idioma.

Fora o idioma, a Malásia me surpreendeu muito pela sua ampla e moderna infra-estrutura, mesmo quando consideramos que estamos em um cidade pequena e longe da capital. Ruas com nome, asfaltadas, sistemas de transportes eficientes, urbanização, enfim, tudo o que uma cidade moderna possui. A bem da verdade, depois de passar três semanas em Myanmar, qualquer lugar que eu fosse me daria a impressão de estar em um lugar desenvolvido.

Amanhã será dia de mais mudanças. Aguardem!

Dia 87 - Aconteceu! (mas não comigo!)

As sete da noite de sábado eu comecei a minha epópeia rumo à Malásia. Entrei no ônibus e, como sempre acontece, dormi cinco minutos depois. Impressionante como mesmo depois de crescido eu ainda faço isso! Como previ, apenas tursitas no ônibus e entre eles, um casal de portugueses que eu só fui ter certeza no dia seguinte.

Quando era perto das onze da noite o ônibus fez uma parada para as pessoas comerem e eu fui acordado contra a minha vontade. Apesar de estar quente dentro do ônibus (o ar-condicionado ainda não havia sido ligado), eu me sentia confortável e sonolento. Quando voltamos, meia hora depois, eles terminaram de passar o filme que estavámos vendo, ligaram o ar-condicionado e desligaram a televisão, exatamente como os relatos diziam! Eu como não sou bobo nem nada, coloquei um cadeado na minha mala e trancei as minhas pernas nela, além de avisar a pessoa do meu lado dos perigos que essa viagem noturna poderia proporcionar.

Quando eram por volta das cinco da manhã, o ônibus fez uma parada definitiva e os passageiros foram divididos em grupos, de acordo com os seus destinos finais. Cada grupo foi encaminhado para uma caminhonete, que levava para um ponto específico da cidade (Surathani), onde ele esperaria pelo próximo meio de transporte. Nessa parada, a moça que sentou ao meu lado no ônibus descobriu que havia sido roubada. Mas não foi qualquer roubo não; foram surrupiados HUM MIL E DUZENTOS DÓLARES da mala dela. Nessa hora eu me senti o cara mais esperto do mundo e ela; imagino que a mais ingênua, pra ser bem educado. Sorte dela que ela tem volta marcada para casa em menos de uma semana.

Roubos à parte, as sete e meia da manhã (após mais de uma hora de espera) chega a van que nos levaria para Hat Yai, ainda na Tailândia, onde faríamos mais uma transferência. Eu não gosto de vans; elas são pequenas, apertadas e não comportam uma pessoa do meu porte, ainda que ele seja hmm, digamos, atlético! De alguma forma eu consegui me encaixar lá dentro e a viagem prossegiu. Em uma determinada hora, o cara que estava do meu lado vira pra mim e pergunta de onde sou; dou a resposta típica e ouço uma réplica finalizada com um palavrão. Ele era português. Apesar dos meus encontros esporádicos com brasileiros, eu nunca conversei tempo suficiente com eles e as vezes sentia falta disso. Quer dizer, eu sentia falta de jogar palavrões no meio das frases e justificar o seu uso como advérbios de intensidade! Conversamos por todo o percurso, falei todos os palavrões que queria falar e chegamos no ponto de mais uma troca de meio de transporte.

Para a minha (in)felicidade, o último e derradeiro trecho também seria feito em uma van, muito embora ele duraria menos do que as quatro horas do trecho anterior. Após uma hora, chegamos na fronteira entre a Tailândia e a Malásia. O processo de imigração estava complicado, os oficiais questionando muitas pessoas e eu um pouco ansioso. Quando chega a minha vez, o oficial pega meu passaporte, vê que sou do Brasil e solta um largo sorriso. Nessas horas eu nunca quero ser de outra nacionalidade. Depois dos trâmites, volto à van e descubro que mais pessoas se juntaram aos demais passageiros, de modo que eu tive que entrar e me alocar como uma peça de tetris, literalmente!

Duas horas depois, VINTE E QUATRO HORAS depois de ter saído de Bangkok, eu finalmente chego ao meu destino final.

Dia 86 - Mudança de planos

Já perdi a conta de quantas vezes eu mudei os meus planos nessa viagem, a maioria delas por conta de trapalhadas de terceiros. Como eu havia previsto, a paralisação do Suvarnabhumi causou o cancelamento do meu vôo para Jakarta. Na verdade, não foi bem um cancelamento e sim uma realocação do vôo, que antes saia de manhã e passou a sair no final da noite. Como eu já estava com vontade mudar um pouco o roteiro, essa mudança caiu como uma luva para mim, já que eu não estava com vontade alguma de chegar em Jakarta de madrugada. Com surpreendente facilidade, cancelei o meu vôo na AirAsia e terei o reembolso em algumas semanas.

Agora vem a segunda parte da mudança: decidi pegar um ônibus de Bangkok até Penang, uma ilha na costa oeste da Malásia. A duração da viagem: de acordo com a agência de turismo, "apenas" 20 horas, com duas trocas de ônibus no caminho. Vejo isso como uma evolução, já que a viagem de maior duração foi de 16 horas, entre Bagan e Yangon, em Myanmar. Por outro lado, tenho certeza que o ônibus irá apinhado de estrangeiros, o que tira todo o romantismo de uma viagem dessas.

Uma coisa que me preocupa são os roubos que podem acontecer durante à noite. Já tinha lido relatos no meu guia de viagem, na internet e até mesmo nas agências de turismos de Bangkok, que alertavam para essa possibilidade. Pelo que eu lí, eles têm uma tática bem interessante: no meio da noite eles colocam o ar-condicionado no máximo e desligam a televisão; sem o que fazer e com frio, os viajantes se aconchegam em seus bancos e dormem. Quando isso acontece, a "equipe" presente no ônibus age e rouba o que der das malas de mão dos viajantes. Como sempre, isso é coisa que acontece com os outros e não comigo!

Dia 85 - Pattaya, a Meca do sexo barato

Uma coisa que me incomoda sempre no Sudeste Asiático são os aposentados europeus em busca de sexo barato com jovens locais. Quem vê na rua já sabe o tipo de relação e o que cada uma das partes está procurando. E é repulsivo. Até então a cidade de Chiang Mai era a que apresentava mais casos desse tipo, mas Pattaya resolveu assumir essa posição. A cidade parece ser construída e orientada para o turismo sexual, com clubes, moteis e bordeis espalhados por todos os cantos da cidade. Casais fictícios se proliferam aos montes e tiram qualquer vontade de se andar pelas ruas da cidade. Nessas horas eu sinto falta dos motoristas de tuk-tuk do Camboja; pelo menos com eles eu ainda dava risadas.

Como eu sempre tento ver o lado positivo das coisas, resolvi, a exemplo de Chiang Mai, participar do jogo. Calma! Minha participação se limita apenas a de um narrador onisciente. Eu apenas sei o que se passa! Comprei uma cerveja no 7 Eleven e sentei-me em um banco que ficava em frente a um bar cheio de personagens interessantes. Pessoas contando piadas sem graca alguma, pessoas rindo dessas piadas, outros dançando sem qualquer jeito pra coisa e eu anotando mentalmente tudo isso. Uma conclusão que eu tirei disso tudo é que isso dá uma bela de uma tese de mestrado em Antropologia!

Além disso, compreendi melhor porque Pattaya é o destino preferido desse tipo de turismo: i) o fato de ficar bem perto de Bangkok, facilitando o trânsito de quem vem de fora; ii) a própria estrutura da cidade, que tem tudo o que um turista (qualquer que seja sua intenção) precisa; iii) o mar é bonito, mas nada que atraia gente como eu, por exemplo. Em Pattaya o mar é mais paisagem do que outra coisa e quem vai atrás de prostituição não está interessado se as ondas são grandes, por exemplo.

Dia 84 - A (quase) confusa volta à Tailândia

Continuando a minha maré de sorte, agora sem ironias, voltei à Tailândia hoje. Como todos sabem, o aeroporto está fechado a mais de uma semana e algumas poucas companhias aéreas transferiram seus vôos de Bangkok para Pattaya, uma cidade a 200 quilômetros de BKK. Essa transferência pode trazer problemas visto que o aeroporto não comporta nem um terço da movimentação do Suvarnabhumi e a própria cidade pode não ter estrutura suficiente para abrigar a todos que ficarem por lá.

Pela primeira vez em toda viagem, o meu vôo atrasou e atrasou bastante, pelo menos para mim. Entretanto, eu compreendo as duas horas de atraso e relevo o tempo perdido. Como eu previa, o aeroporto de Pattaya não tinha condição alguma para suportar o movimento de BKK. Quando o avião pousou eu ví dezenas e dezenas de aviões "estacionados" a esmo em volta da pista. Apesar de tudo, o processo na imigração foi bem rápido, talvez para não complicar ainda mais os turistas.

Pelo que fiquei sabendo, os manifestantes chegaram a um acordo e irão se retirar do aeroporto, permitindo a imediata transferência de volta de todos os vôos para o Suvarnabhumi. No entanto, temo pela minha viagem à Indonésia, a principio marcada para sabádo pela manhã. Imagino que é quase certo o cancelamento do meu vôo e já estou pensando em alternativos caso isso se materialize.

Dia 83 - Fotos, finalmente

Aos poucos tenho recuperado o "tempo perdido" em Myanmar. Adicionei as fotos de Siem Ream e Phnom Penh, no Camboja, Yangon, Mandalay, Pyin Oo Lwin e Bagan, em Myanmar além de mais fotos de BKK. Espero terminar de atualizar os posts amanhã. Reconheçam o meu esforço, leiam, comentem e principalmente VEJAM as fotos!

Dia 81 - Ônibus

Já havia falado anteriormente que, apesar das dificuldades, gostaria de fazer um dos trechos em Myanmar de ônibus e não de avião. Eu poderia ter escolhido Mandalay - Bagan que dura aproximadamente oito horas, mas como vocês bem sabem, eu SEMPRE escolho a opção mais complicada. Pois bem na minha última viagem por Myanmar eu escolho enfrentar as DEZESSEIS horas do trajeto até Yangon de ônibus.

Já disse mais de uma vez e continuarei repetindo até o final da viagem: viajar de ônibus público é a melhor, se não a única, maneira, de conhecer de verdade o lugar no qual você está. Como de costume, ônibus apinhado, gente no corredor, crianças, músicas e vídeos locais, muitas paradas, petiscos diversos, buzinas e quase-acidentes no percurso. E eu já começo a sentir falta de Myanmar.

Dia 82 - Um cara de sorte

Acho que eu tenho muita sorte. Até o momento, a exceção do Laos, todos os países pelos quais passei ou passarei estão enfrentando alguns problemas a saber:

Tailândia: Dias antes de eu viajar pro Sudeste Asiático eclodiu o movimento contra o PM e o aeroporto chegou a ser fechado dias antes da minha partida. No meu período em BKK eu entrei sem querer no acampamento desse movimento e saí ileso. Hoje, quando chego em Yangon descubro que fecharam o aeroporto novamente,várias cias aéreas cancelaram os vôos pra Tailândia e milhares de pessoas estão presas em BKK.

Camboja: Enquanto eu visitava os templos de Angkor, Tailândia e Camboja esboçaram uma guerra, com movimentação de tropas, mortes e bombardeios na fronteira entre os dois países, onde se localizam alguns templos da era pré-Angkor que eu queria visitar.

Myanmar: No dia anterior à minha chegada, manifestações ocorreram próximas ao monumento mais importante do país; o Shewdagon Paya.

Indonésia: A execução dos responsáveis pelos atentados em Balis, seis anos atrás, colocou em estado de alerta algumas autoridades internacionais, temerosas com a possibilidade de uma onda de atentados à ocidentais no país.

Índia: Ataques em Mumbai matam pelo menos 200 pessoas, muito embora algumas autoridades acreditem que esse número seja três vezes maior.

Ah, e sem contar a maior crise ecônomica desde o crash da bolsa de Nova York! :)

Dias 78, 79 e 80 - Uau!

A exemplo de Angkor, não falarei nada sobre Bagan. Façam o dever de casa na Wikipedia e vejam as fotos.

Dia 77 - Medo de avião

Eu não tenho e nunca foi de sentir medo de avião. Pelo contrário, eu sempre digo que as melhores aprtes do vôo são a decolagem, o pouso e as eventuais turbulências que o avião encontra pelo caminho. Entretanto, isso mudou um pouco nessa jornada; tanto no Laos quanto em Myanmar eu viajei por duas vezes em micro aviões com capacidade para pouco mais de sessenta passageiros e com hélices para ajudar na propulsão. Não sei se é o barulho diferente (e que muda a todo instante) ou a aparente fragilidade dos aviões, mas eu fico TENSO durante todo o vôo. Para minha sorte e tranquilidade eles costumam ser curtos e sem qualquer tipo de anomalia.

Fobias à parte, o vôo atrasou e eu cheguei com a cidade às escuras, tanto pelo horário quanto pela falta de energia. Isso é Myanmar e eu já me acostumei. A crise na Tailândia diminui ainda mais o influxo de turistas para cá e apesar de estarmos na alta temporada, os hoteis estão desertos, o que significa grandes possibilidades de fazer um bom negócio. Eu não costumo pechinchar por diária, mas como sei que vou ficar uns bons dias aqui, achei bem razoável receber um desconto por isso. O quarto que eu arrumei tem o MAIOR E MELHOR banheiro que ví por aqui, com uma pia de mármore (falso ou não) de dar inveja a muito hotel. Além de enorme e de possuir ar-condicionado, ele tem uma varanda para apreciar (a falta de) movimento da rua. Com tudo isso e mais café-da-manhã incluso eu pagarei sete dólares, já incluído o desconto. Me senti esperto agora, pois fui o único que pediu desconto; todos os outros hóspedes estão pagando oito dólares.

Dia 76 - A caminho de Bagan

Gostaria muito de permanecer aqui em Pwin Oo Lwin, seja por causa do clima, das pessoas ou apenas pela forma lenta como o tempo passa por aqui. Entretanto, o principal motivo da minha vinda a Myanmar é a cidade de Bagan e seu fantástico complexo de monumentos. Para tanto, voltei à Mandalay, comprei a passagem e amanhã voarei para Bagan.

Dia 75 - Equatoriano

Depois de dois meses e meio viajando, não tenho mais a mesma vontade e aciência de responder as mesmas questões sempre que um local me aborda. Para melhorar um pouco o meu humor nessas horas e ao mesmo tempo "proporcinar novas e únicas experiências" para quem me pára na rua, adotei o costume de alterar a minha nacionalidade, o que eu faço e o que eu gosto; enfim, adotei múltiplas personalidades.

Aqui em Pyin Oo Lwin eu já falei pra um dúzia de pessoas que eu sou equatoriano. É, EQUATORIANO. Sempre que eu falo que sou do Brasil, vem o tradicional "Brasil!! Football very good!! Ronaldinho!! Káká!!", mas quando eu falo que sou do Equador, o silêncio impera. Na minha ingenuidade, eu imagino que quando eu falar que venho do Equador, irei ouvir algo do tipo "Equador!! Galápagos very good!!", mas não, o que vejo é apenas uma cara incrédula e surpresa. Graças a mim, Pyin Oo Lwin teve contato com um equatoriano pela primeira vez na história!

Como a cidade é pequena e eu sou um dos poucos turistas por aqui, todos me reconhecem na rua. Isso se torna um problema pelo fato de que eu nem sempre me recordo pra quem eu falei que eu era equatoriano. Por duas ou três vezes eu falei que era do Brasil e o nativo me corrigiu dizendo "Não, você é do Equador!"

Dia 74 - Roupas

Logo depois que eu fiz a mala para viajar eu tirei 30% das roupas que nela estavam e ainda achava que tinha roupa demais. Para contornar esse problema, eu trouxe comigo várias camisetas muito perto do "estado de petiçao de miséria", no qual elas não servem nem para limpar o chã de casa. Com isso, pensei eu, aos poucos eu vou me livrando desse peso extra. Eu lembro até de ter feito umas contas calculando o número de evzes que cada camiseta seria usada e quanats seriam descartadas até o final da viagem.

Pois bem, ainda não chegamos à metade e eu continuo achando que trouxe roupas demais pra cá. Por algum motivo eu trouxe: i) seis bermudas (não me perguntem por que) sendo que eu tenho revezado duas ou três, que aguentarão até o final da viagem; ii) 4 calças, sendo duas jeans e duas que viram bermudas; nesse caso eu até tenho desculpa porque a minha viagem para a Índia será no inverno e eu me concentrarei no norte, próximo ao Nepal; iii) uma blusa, devido aos motivos citados anteriormente; iv) umas quinze camisetas, sendo que quatro já ficaram pelo caminho e eu faço um revezamento entre três camisetas; basta ver que nas fotos eu sempre apareço com a mesma.

Como vocês podem ver, eu ainda não usei metade das rouas que eu trouxe e isso trás dois problemas; 1) peso-morto carregado pra lá e pra cá, lembrando o fato de que eu costumo dispensar transportes motorizados quando chego nas cidades; 2) mofo, mau-cheiro e afins, que sempre afetam as roupas guardadas longe da luz solar e de ar fresco. O primeiro problema não tem solução imediata e o segundo é facilmente solucionado com a adição de sabonetes na mala; com isso, sempre que eu pego uma camiseta, não parece que saiu do armário e sim diretamente da máquina de secar.

O fato de eu revezar poucas roupas não significa que eu tenho andado imundo pelas ruas. Dia sim, dia não eu transformo a pia do banheiro do local onde estou hospedado em máquina de lavar; encho d'`agua, coloco sabão (o serviço tem quer ser feito corretamente!) e posteriormente as roupas. Depois, sigo ospassos naturais (molho, esfrega, enxagua) e coloco para secar.

Dia 73 - Luang Prabang

Não, eu não estou escrevendo em clima de nostalgia sobre a minha cidade preferida até aqui. Estou relatando o fato de ter, após quase dois meses, encontrado uma cidade tão agradável quanto Luang Prabang. Tal qual a cidade do Laos, Pyin Oo Lwin é uma cidade que não tem muitos atrativos tais quais templos enormes ou ruínas seculares; o grande charme da cidade reside no fato de que a cidade como um todo é agradável e passível de visitar e não apenas uma parte dela.

Também como em Luang Prabang, os moradores são extremamente simpáticos e sempre muito curiosos em relação aos estrangeiros. Ninguém ainda me convidou para tomar cerveja com gelo (aqui seria chá ou café), mas sempre que eu vou em algum restaurante alguém puxa uma cadeira e começa a conversar. Nesses dois dias em que estou aqui, já perdi a noção de quantas pessoas me pararam para conversar e acho que 1/3 da cidade já me conhece porque sempre eu encontro alguém que já conversou comigo anteriormente.

O ponto a favor de Luang Prabang nessa competição fictícia é o fato de que lá eu conhecí algumas pessoas que me acompanharam por algumas semanas pelo Laos e posteriormente pelo Camboja. A quase ausência de turistas por aqui impede que isso aconteça novamente.

Pyin Oo Lwin empata (e vira o jogo) graças ao seu clima. Depois de dois meses suando e sofrendo com o barulho do ventilador durante as noites, nada é tão agradável como tomar um banho BEM QUENTE, dormir como uma pedra em posição de cachorro e acordar e ver o céu azul e a neblina se dissipando por entre as árvores. Creio que por esses motivos eu devo permanecer por aqui mais alguns dias. A bem da evrdade, eu cogito a possibilidade de não ir pra Bagan e ficar aqui até o final da viagem!

Dia 72 - Mudança de ares (e clima)

Perto de Mandalay há um sem-número de cidades aparentemente bacanas (de acordo com o guia de viagem) para ficar e eu acabei escolhendo uma delas para passar, a princípio, uns dois dias. Pyin Oo Lwin, que também tinha um nome diferente antes do golpe militar, fica a 100 quilômetros de Mandalay e tem um clima bem mais agradável, graças a sua localização a mais de 1.000 metros de altitude. A cidade, conhecida como "Pequena Bretanha", era usada pelos britânicos com o intuito de escapar das altas temperaturas do verão de Myanmar. Hoje, é uma cidade muito procurada pelos próprios [gentílico de Myanmar] e conserva muitas características da época em que o país era dominado pela Grã-Bretanha, incluindo muitas igrejas anglicanas.

A cidade gira em torno de um rua principal, que nada mais é do que a estrada que liga Mandalay à Lashio mais ao norte, e as ruas arteriais sao um sossego só, com suas casas bem espalhadas, árvores aos montes e folhas no chão. O clima lembra um pouco o de Curitiba, pois durante o dia faz um pouco de calor (suportável) e o vento é sempre gelado; à noite a temperatura despenca pra baixo de dez graus com facilidade.

Como Pyin Oo Lwin não é uma cidade com estrutura para o turismo, são poucos os estrangeiros na cidade, emsmo considerando que estamos em Myanmar. Por causa disso, a curiosidade dos locais é ainda maior do que nas outras cidades nas quais estive. Aqui, ao contrário das outras cidades, a conversa se desenvolve mais, a ponto até de o assunto "democracia" ser abordado, coisa que os habitantes evitam a todo custo, dada a forte presença de tropas do governo por aqui.

Dia 71 - Viajar em Myanmar

As viagens por aqui, quando não são feitas de avião, demoram, e muito. Seja pelo estado de conservação de estradas e ônibus ou do relevo montanhoso na parte norte do país, qualquer deslocamento vai lhe custar muito tempo. Além disso, o governo controla os trens e algumas companhias aéreas, embolsando o todo o dinheiro dos turistas. Como eu não tenho tanto tempo assim por aqui e nem quero dar meu dinheiro para o governo, tenho procurado fazer os deslocamentos mais longos de avião e com uma companhia aérea não pertencente ao governo.

O interessante das empresas aéreas de Myanmar é que todas têm um lema que remete à segurança que, ao contrário do efeito que everia causar, me deixa um tanto receoso quanto a real segurança e as condições que as aeronaves dessas empresas estão. A primeira das viagens doi de Yangon pra Mandalay no mesmo tipo de avião que eu voei no Laos; aquele com hélices e que faz um barulhão. Provavelmente repetirei essa não tão agradável esperiência quando eu for pra Bagan e eventualmente quando eu voltar pra Yangon. Eu digo eventualmente porque quero experimentar os ônibus locais afinal, uma viagem de quinze horas em um ônibus é o cenário perfeito pra conhecer o povo daqui.

Dia 70 - Mandalay

Mandalay é a segunda maior cidade de Myanmar, com pouco mais de um milhão de habitantes e fica localizada bem no centro do país. O clima é um pouco mais agradável do que o da capital, que não é a capital de fato, como eu já falei, e é um pouco mais barulhenta também, graças ao imenso número de motocicletas e pessoas muito dispostas a usar as buzinas das mesmas. Apesar de sua grandeza, Mandalay sofre com um problema típico das zonas rurais mais afastadas: as constantes quedas de energia. E quando eu digo consantes, eu não estou exagerando; a energia cai DEZENAS de vezes durante o dia e a noite, fato que faz com que a maioria dos médios e grandes estabelecimentos comerciais da cidade possuam um gerador, estratégicamente localizado na calçada para ajudar os pedestres com seu tamanho, poluição e barulho.

A despeito disso, Mandalay é uma cidade com razoável planejamento e bem fácil de se localizar. O Palácio, cercado por um fosso d'`agua, é enorme e fica localizado no centro da cidade. As ruas são numeradas, diminuindo as chances de algum taxista te passar a perna, contanto que você tenha em mãos um mapa e conheça algo da cidade. A cidade possui inúmeras atrações turísticas, a maioria delas coberta pelo ticket de dez dólares que você pode comprar em qualquer uma delas. Após mais de dois meses de viagem, já ví muita coisa repetida e são poucas as atrações que de fato chamam a minha atenção, fator que diminui quando há dinheiroa ser pago. Portanto, me concentrei em ver tudo o que não precisa ser pago, incluindo o segundo templo mais importante do país, que possui uma estátua de Buda em ouro e que recebe novas camadas TODOS os dias.

Dia 69 - Comida: Parte II

Como vocês leram em posts anteriores, estou tendo um pouco (muita) dificuldade com a comida local. Para a minha felicidade, bastou sair de Yangon e vir pra Mandalay que a minha sorte mudou. Ao lado do hotel onde estou tem um restaurante de comida típica que é citado no meu guia de viagem. Com boas recomendações, muita fome e algum receio, resolvo voltar a dar uma chance para a comida local. Não sei se foi a fome, mas pela primeira vez desde que cheguei em Myanmar eu tive prazer em comer.

Nesse resturante você pode escolher entre vinte tipos de "misturas" e o arroz é por conta da casa. Em resumo, é o lugar perfeito para mim: muitas opções, grandes quantidades e comida saborosa. Logicamente que eu não vou mexer em time que está ganhando e continuarei a visitar esse restaurantes em todas as refeições que eu vier a fazer aqui em Mandalay.

Hoje é sábado, mas o texto é sobre quarta-feira. Até então, o blogger era bloqueado nas cidades que passei (Yangon e Mandalay). Entretanto, coube à minúscula cidade de Maymo (esse é o nome antigo e o novo eu ainda não sei soletrar) a honra de não bloquear alguns sites, inclusive o blogger. Não apenas os sites não estão bloqueados, como a conexão é, acreditem, a mais rápida até aqui, muito embora o conceito de rapidez é diferente por essas bandas. Ficarei por aqui mais um dia e espero colocar o restante dos dias em dia, de preferência sem repetição intensa da palavra dia.

Dia 68 - Kaoma e Karaokê

Certo dia estava andando pelas ruas de Phnom Penh, quando ouço alguns acordes conhecidos vindos de um carrinho de sorvetes da Nestlê. Prestando um pouco mais de atenção, vejo que é a música mais famosa do Kaoma, que arrastou multidões e foi hino de uma geração inteira com seu refrão inesquecível, como diria o Faustão em um quadro do tipo "Relembrando o Passado". Os acordes eram intermitentes e quando eu menos percebí, estava cantando "choraaaando se foi quem um dia só me fez choraaar" pra curiosidade de quem estava comigo e do vendedor de sorvetes. Expliquei o porquê de saber a música e perguntei como eles a conhecem, mas não obtive resposta.

Hoje, quando estava tomando café da manhã na guesthouse, o celular da dona toca e qual é o toque escolhido? KAOMA! Eu já tinha ficado muito surpreso ao ouvir essa música no Camboja e eu poderia esperar ouvi-la na Papua Nova Guiné, mas não em Myanmar. E, novamente para a minha infelicidade, não souberam me explicar como, quando, onde e porque essa música continua viva na mente das pessoas do Sudeste Asiático.

Falando em música e asiáticos, não podmos nos esquecer dos karaokês! São muitos e espalhados por todos os lugares, mas esse não é o aspecto mais curioso. Em toda viagem de ônibus que você faz, o motorista vai colocar um DVD com a compilação das melhores músicas e vídeos para o deleite dos passageiros, inclusive eu, que assisto e ouço tudo com uma curiosidade quase infantil. As músicas sempre tem o mesmo ritmo: lentas e com o refrão, repetido à exaustão, um pouco mais rápido. Os clipes também são a criatividade em seu estado puro: todos sem exceção contam a história de um cara (o cantor) que trata mal/se apaixona e não é correspondido pela garota, com flashbacks até que no final tudo se resolve e todos ficam felizes.

Escrever sobre os DVDs nos ônibus me fez lembrar de uma ocasião (provavelmente não comentada) na Tailândia, quando eu voltava de uma cidade: ônibus cheio, umas quinze pessoas em pé (eu incluso) e muito calor. Nisso o motorista colcoa um filme do Chaplin. Até aí tudo bem, mas após alguns segundos eu ouço alguns barulhos, vozes, pra ser mais exato. É, vocês acertaram; o filme do Chaplin foi dublado. O pior não é nem isso; é imaginar que ALGUÉM FOI PAGO PRA DUBLAR UM FILME MUDO! Coisas que só o Sudeste Asiático pode proporcionar pra você!

Dia 67 - O povo de Myanmar

Até agora, Myanmar é o país com maior diversidade que eu visitei. Quando os britânicos adentraram "graciosamente" por este país, vieram com eles indianos e nepaleses, de forma a ratificar a presença do Reino Unido por aqui. Além deles, há um considerável percentual de chineses e mais uma centena de outras etnias. Isso faz com que, a primeira vista, seja bem difícil definir o cidadão típico de Myanmar. Claro que depois de alguns dias tudo fica mais claro e os grupos são facilmente identificados; os chineses mais altos, de pele mais clara e com cara sisudas; os indianos mais baixos, com traços mais "redondos" e com cara de malandros (o que foi confirmado dias atrás) e os [gentílico de Myanmar], com características dos dois outros grupos e com mais "cara de índio".

Como o povo daqui não é muito acostumado com turista, eles olham com curiosidade quando algum deles se aproxima. Outro dia parei em um beco para passar o protetor solar e quando me dei conta, umas QUINZE pessoas estavam me olhando, desde transeuntes à mães com filhos nas sacadas de suas casas. E eles não apenas olham com curiosidade pra você, como também te cumprimentam, SEMPRE. Desde que cheguei, o que mais ouvi foi "Hello!" e o que mais falei foi "Ming lah bar". Aliás, por algum motivo as pessoas sempre riem quando eu falo isso, mesmo com a pronúncia correta. Hoje eu ví um vira-lata na rua e comecei a brincar e latir pra ele. Quando me levantei, a rua INTEIRA estava olhando pra mim, muito embora eu saiba que isso ocorreria no Brasil também, afinal não é todo dia que alguém late pra um cachorro na rua. Essa curiosidade e amabilidade me lembram um pouco do Laos e é claro, Luang Prabang.

Uma coisa que tenho sentido falta por aqui é a limpeza dos templos que visito. Todos eles, como manda a tradição budista, exigem que você retire chinelos/tênis/meias para entrar. Na Tailândia você pode comer comida no chão dos templos, de tão limpos que eles são, mas aqui na Birmânia... . Basta dar alguns passos para o pé ficar totalmente imundo. Hoje eu fui no templo símbolo do país e por lá fiquei algumas horas. Quando saí, tinham várias camadas de diferentes tipos de sujeiras que sujaram minha meia branca, nova e recém lavada. :(

Dia 66 - Yangon

Yangon é uma cidade belíssima. Quer dizer, isso depende muito de seu ponto de vista. A cidade é recheada de edíficios no estilo britânico, sejam comerciais ou residenciais, entretanto a grande maioria deles carece de restauração. Não obstante, é muito interessante andar pelas grandes avenidas ou pelos becos estreitos; sempre alguma construção irá te chamar a atenção. Ironicamente, o edifício mais bem cuidado é o da Embaixada Britânica! Além desses prédios antigos, encontramos também algumas construçöes mais novas e com uma certa ousadia na arquitetura.

Outro ponto que faz parecer que estamos perdidos em algum ponto do passado, é o fato de que a frota de carros de Yangon tem pelo menos vinte anos de média de vida. Pela primeira vez eu ví diversos modelos que a Toyota fabricava nos anos 80, a maioria em estado MUITO precário. Falando em transportes, os ônibus são doações japonesas e coreanas e, como é de se imaginar, são mais velhos do que este que vos escreve. Boa notícia: Myanmar não possui tuk-tuks!! Eles têm duas outras versões: i) uma caminhonete adaptada; ii) bicicleta com capacidade para dois passageiros.

Yangon tem mais de cinco milhões de habitantes e é muito grande, muito embora os principais pontos de interesse estão concentrados no centro. A densidade demográfica lá é altíssima e é quase impossível andar por lá, seja qual for a hora do dia/noite. E o ar aqui é muito pesado e poluído, a ponto de dar nó na garganta, coisa que raramente acontece em São Paulo.

Dia 65 - Comida

Depois de quase um mês na Tailândia, os seus padrões gastronômicos sobem bastante e não é qualquer comida que vai te satisfazer. Pois Myanmar não é conhecida exatamente por sua culinária rica e saborosa. As opções que temos são limitadíssimas e a maioria fica nas ruas. Eu não sou lá muito entusiasta de comida assim porque ela não é fresca e foi exposta a todos os tipos de bactérias possíveis, mas resolví dar uma chance. Pedi um macarrão, que foi entupido de sopa de peixe (leia-se sopa de óleo de peixe) e mais um fritado de milho. A aparência não ajuda, o cheiro é insuportável e o gosto passável. O único ponto positivo é o preço: aproximadamente 50 centavos de Real.

Tudo aqui, assim como no restante do Sudeste Asiático, é frito e com o pior dos óleos possíveis. E o me estômago acostumado à comida da vovó e da titia sofre, e muito! Para me alimentar corretamente, tenho optado por comer nos hotéis da região, que apesar de caros, oferecem comida de qualidade! Analisando friamente, o Angolano (quem trabalhou comigo conhece) na Augusta é um Fasano perto do que se tem por aqui.

Dia 64 - Câmbio

Myanmar não usa cartões de crédito. Myanmar não tem caixas eletrônicos. Myanmar não tem Western Union. Myanmar mal tem agências bancárias. E elas não trabalham com câmbio. Minto, trabalham, mas com uma taxa de conversão não amigável, pra não dizer ridícula. Com isso, são duas as soluções possíveis, ambas ilegais sob o ponto de vista do governo, coisa que pode até dar cadeia: i) fazer a troca em hotéis, que são mais seguros, mas não têm taxas de conversão tão boas; ii) trocar na rua, correndo o risco de não ter o dinheiro combinado. E é claro que eu, garoto-esperto-formado-em-administração-e-bom-em-contas optei por fazer na rua. Segue encenação teatral abaixo:

PRIMEIRO ATO

(o turista brasileiro, no caso eu, é abordado no centro da cidade por um indiano)

Indiano: Hey! Câmbio?
Eu: Hmmm...quanto?
(a taxa dos hotéis é 1.180 dinheiros de Myanmar por dólar, então eu supus que dava pra conseguir uns 1.400 ou 1.450 dinheiros por dólar)
Indiano: 1.250.
Eu: Ah, mas ontem eu troquei aqui mesmo (mentira!!) e consegui 1.450.
Indiano: Impossível! Faço 1.350 então.
(nesse meio tempo, um segundo indiano se junta a nós)
Eu (fazendo de difícil e irredutível): Ah, eu sei que dá pra fazer 1.450! Eu fiz ontem!
(nesse momento começa um diálogo entre os dois indianos e, mesmo sem entender uma palavra do que eles falaram, eu consegui traduzir facilmente)
Indiano de bigode: Vamos passar a perna nesse turista. Ele tem cara de bobo!
Indiano sem bigode: Isso! Vamos falar que faremos a troca por 1.450 dinheiros, mas não daremos todas as notas!
Indiano de bigode: Vai ser como tirar doce de criança!
Indiano de bigode: Ok! Façamos a troca. Siga-me, por favor.

FIM DO PRIMEIRO ATO

SEGUNDO ATO

(o turista brasileiro segue um dos indianos, talvez o sem bigode, até uma casa de chá, enquanto que o outro indiano vai atrás de um terceiro comparsa e do dinheiro. Pra situar o espectador, o turista brasileiro queria trocar duzentos dólares e com a conversão de 1.450 dinheiros por dólar ele teria de receber 290 notas de 1.000 dinheiros de Myanmar.)

Indiano sem bigode: Aguarde três minutos por favor.
Eu (tomando o chá típico de Myanmar, muito parecido com o Massala indiano): Ok!
(os minutos se passam e entram no estabelecimento o indiano de bigode e uma pessoa aleatória. Eles se juntam a mim e todos sentamos nas caderinhas de criança)
Indiano de bigode: Está aqui o dinheiro. (e começa a contar na minha frente) Um, dois, três...

Aí vem o grande truque!! Eles contam as notas em montes de dez e quando eles viram ao contrário tem mais montes do que eles contaram. Por exemplo: no monte que ele me deu, ele contou até dez oito vezes, perfazendo 80 notas. Mas quando ele vira o monte, ele conta 16 blocos de dinheiro; se cada um tem dez notas, o monte teria o dobro de notas, ou seja, 160. Eram dois desses montes e mais um monte de dez, o que dava, na conta deles 3.300 dinheiros e não 2.900.

Eu: Posso contar? (com cara de ingênuo, pra não dar na cara que eu sou bom à beça em contas!)
Comparsa aleatório: A polícia! A polícia! Dá os dólares!
Eu: Primeiro eu conto. Se estiver certo eu dou o dinheiro, ok?
Comparsa aleatório: (faz cara de bobo)
Eu (conta, conta, conta): Eeeeei! Aqui não tem o dinheiro prometido!
Indiano de bigode: Tem sim! (e começa a contar novamente)
Eu: O acordo era 2.900 dinheiros! Aqui tem 1.700!
Indiano sem bigode: Não brinco mais! (pega o dinheiro e vai embora)

FIM DO SEGUNDO ATO

Que eles iam tentar passar a perna em mim, eu não tinha dúvidas, mas me surpreendi com a petulância deles. Esperava que eles me dariam 10% ou 15% a menos de dinheiro, só que eles tentaram me roubar em mais de QUARENTA POR CENTO. Isso me levou a duas possíveis e aterradoras conclusões: i) eu tenho muita cara de bobo pra eles tentarem fazer isso; ii) essa tática funciona de vez em quando, ou seja, tem gente boba o suficiente para cair nesse truque.

No final das contas, eu já era conhecido por todos os doleiros da região e tive que apelar pra um Plano B para trocar o dinheiro com segurança e boa taxa de conversão. Em uma lojinha simples dentro do mercado da cidade eu consegui a troca por 1.260 dinheiros.

Dia 63 - Primeiras impressões

Myanmar é um país à parte no Sudeste Asiático em função das seguintes características:

i) a grande maioria dos homens usa uma espécie de saia, que me foge o nome agora, mas que já foi devidamente comprada e usada pela minha pessoa. O uso da saia permite a observação de uma cena bem pitoresca: homens agachando-se na rua para usar o toalete.

ii) muitas mulheres e crianças usam um tipo de talco/farinha chamado "tanaká" no rosto e braços cuja função é supostamente proteger contra os raios solares. O mais engraçado disso é que algumas pessoas acabam parecendo fantasmas devido à grande quantidade de "tanaká" utilizada.

iii) muito embora seja uma característica do Sudeste Asiático de maneira geral, em Myanmar ela é mais evidente: homens e mulheres passam o dia mastigando um tipo de tabaco que deixa os dentes vermelhos, um hábito quase provinciano quando falamos da capital do país. Não sei se contei, mas experimentei (claro!) isso em Luang Prabang e gostei. Só não faço mais porque tive que escovar os dentes uma DEZENA de vezes para extinguir qualquer vestígio dessa iguaria da minha boca.

iv) pelo menos aqui em Yangon, os restaurantes da forma como conhecemos são escassos e a maioria das pessoas come na rua mesmo. Pelas ruas do centro vemos inúmeras barracas de comida e pequenas mesinhas e cadeirinhas de plástico (do tipo feito pra criança) e pessoas comendo. O chá chinês é à vontade e a comida...hmmmm...digamos que não faz o meu tipo. Falarei dela mais pra frente.

v) como já falei anteriormente, Myanmar é um país bem fechado e busca preservar a sua cultura ao máximo. Logo, concluímos que músicas ocidentais não entram aqui. Sim e não. Elas entram, mas não com o idioma original; elas são dubladas. Entretanto, ao contrário do que alguém poderia supor, a qualidade das músicas fica a altura das canções originais. Eles pegam um local com a MESMA voz do cantor original, então, quando você ouve, demora a perceber que a música não está em inglês. E já ouvi desde Travis, passando por Santana à "Eye of the Tiger".

Dia 62 - Oi, Myanmar

Myanmar possui um fuso-horário de trinta minutos atrás da Tailândia e graças a isso recuperei parte do meu tempo perdido quando viajei para Bangkok, muito embora eu perderei esses trinta minutos novamente quando voltar. O aeroporto de Yangon é bem moderno e muito pequenino, se levarmos em conta que a capital de Myanmar tem aproximadamente cinco milhões de habitantes. Não tive qualquer problema para passar pela imigração e duas coisas me chamaram a atenção: i) a maior parte dos que desembarcaram eram cidadãos [gentílico de Myanmar]; ii) homens atendiam essas pessoas e apenas mulheres atendiam os estrangeiros. Na saída do aeroporto, como sempre fui abordado por um sem-número de pessoas se oferecendo para me levar para o centro da cidade. Após muita negociação, consegui alguém que me levasse pelo preço que eu queria.

Já faz um tempo que eu abandonei o estilo entro-na-cidade-à-pé, muito em função das enormes distâncias a serem percorridas. Outro ponto interessante de Yangon é que a esmagadora maioria de seus carros foi produzida entre os anos 80 e 90 e eu quase ví um potencial de Havana aqui! O dinheiro em Myanmar é o kyat (pronuncia-se chat), mas o dólar é amplamente aceito para transações mais sofisticadas (hotéis e ônibus).

Os cartões de crédito foram banidos há alguns anos e não se vê bancos pela cidade. Todo dinheiro que precisarei já foi providenciado na Tailândia. Com esse novo dinheiro, já são sete as moedas que carrego comigo. Não percam a conta: real, dólar, euro, baht, kip, riel e kyat! Para trocar dólares pela moeda local são duas as opções: i) na rua, correndo o risco de ser pego pela polícia; ii) em hotéis, perdendo na troca. E à exceção da maior nota (1.000 dinheiros), todas as outras notas estão em estado de petição de miséria de tão sujas e rasgadas que são.