Thursday, March 10, 2011

Dia 5 - Antropologia

O dia começou de forma bem turística com uma visita ao templo budista de Borobudur. A princípio era para chegarmos em tempo de ver o sol nascer, mas saindo da cidade as 5h30 obviamente que isso não iria acontecer nunca. De qualquer maneira, o lugar impressiona. Não entrarei em detalhes pois vocês sabem muito bem que odeio escrever sobre esse tipo de coisa. Além disso, uma rápida pesquisa no Google já resolve esse impasse. Nota negativa para o fato de que a metade superior do templo estava fechada para reformas devido ao acúmulo de cinzas do Merapi (vulcão que entrou em erupção no final do ano passado).

Essa foi a parte clichê do dia.

Depois de tirar um cochilo (na verdade quase a tarde inteira), fui para uma enorme praça que tem aqui perto, a alun-alun utara, ou simplesmente praça (do) norte. Praça é um pouco de exagero já que o lugar nada mais é do que um grande descampado com meia dúzia de árvores espalhadas. Enfim, acontece que o lugar é ponto de encontro e namoro dos jovens da cidade. Os casais vão de moto, param em algum lugar e ficam lá, conversando. Conversando. Apenas conversando. Ok, talvez um afago aqui e outro alí, mas nada além disso.

Saindo um pouco do tema, a cidade que estou chama-se Yogyakarta ou apenas Yogya (pronuncia-se Djokdja) para os locais. Ela é meio que o centro da cultura de Java em oposição à Jakarta (capital e centro financeiro). Depois de Bali, é o lugar que mais atrai turistas na Indonésia, mas felizmente (para mim, claro) não são muitas as pessoas a perambular por aqui. Isso significa duas coisas: descontos e pessoas sedentas para tentar tirar dinheiro de mim de alguma forma, seja com transporte ou tranqueiras como lembranças de viagem.

Voltando...

No caminho para a tal praça eu passei por um lugar que tinha um parque de diversões e um palco montado. Fora dele, tinha um cartaz enorme que indicava as atrações do mês e para a minha sorte ontem seria uma delas. Um tipo de música bem famoso por aqui é o dangdut, repetitivo e viciante, como qualquer música popular. Só que essa não é a característica principal. O que mais chama a atenção é que são mulheres, com pouca roupa (para o padrão islâmico) acompanhadas de uma banda. E a dança lembra bastante o funk e alguns axés do final dos anos 90.

O show começou por volta das 21h, mas poucas pessoas estavam lá. A esmagadora maioria da plateia era composta por homens (25 anos pra cima), um ou outro adolescente perdido, uma ou outra mulher perdida (talvez acompanhada) e eu, o gringo. Em frente ao palco tem a pista e algumas pessoas ficaram sentadas por lá no início. Atrás e dos lados lados tem alguns bancos e um bar. A maioria das pessoas estava nesse lugar, fumando e bebendo.

A banda é fixa e era composta por 9(!) pessoas. Um baterista, dois guitarristas, um baixista, o cara do bongô, dois caras com instrumentos aleatórios e dois DOIS DOIS tecladistas. Um dos guitarristas era cabeludo e também o responsável pelas introduções às músicas cantadas pelas garotas. Foi das mãos dele que saíram os melhores riffs da noite. Aliás, ele e o baterista estavam claramente deslocados. Eles deveriam sair dessa banda e montar uma de pop-rock grudento que ia fazer bastante sucesso. Ou não.

Pelo que eu entendi era algum tipo de competição, talvez eliminatória entre as garotas. As músicas eram todas muito parecidas e você distinguia quando mudava a cantora. Mais pro final nem isso, já que todas entraram de preto. As pessoas que estavam sentadas petro do bar pouco conversavam e assistiam o show muito compenetradas, já quem estava na pista se levantou e comçou a dançar, balançando os braços como um boneco de posto.

Ontem não aconteceu, mas já ví no Youtube vídeos nos quais alguns caras sobem no palco, dançam com as garotas e dão (ou põem) dinheiro para elas. Aí entra a questão islâmica. Ainda que a Indonésia seja um pouco menos ortodoxas quanto algumas práticas, há um crescente movimento pela volta do conservadorismo (a volta do uso do véu/burca é um dos indícios) e isso via (ou deveria) ir de encontro com essas performances que por vezes são abertas inclusive para crinças.

* não estou conseguindo alterar a formatação dos textos e isso está me irritando bastante

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