Wednesday, December 17, 2008

Dia 87 - Aconteceu! (mas não comigo!)

As sete da noite de sábado eu comecei a minha epópeia rumo à Malásia. Entrei no ônibus e, como sempre acontece, dormi cinco minutos depois. Impressionante como mesmo depois de crescido eu ainda faço isso! Como previ, apenas tursitas no ônibus e entre eles, um casal de portugueses que eu só fui ter certeza no dia seguinte.

Quando era perto das onze da noite o ônibus fez uma parada para as pessoas comerem e eu fui acordado contra a minha vontade. Apesar de estar quente dentro do ônibus (o ar-condicionado ainda não havia sido ligado), eu me sentia confortável e sonolento. Quando voltamos, meia hora depois, eles terminaram de passar o filme que estavámos vendo, ligaram o ar-condicionado e desligaram a televisão, exatamente como os relatos diziam! Eu como não sou bobo nem nada, coloquei um cadeado na minha mala e trancei as minhas pernas nela, além de avisar a pessoa do meu lado dos perigos que essa viagem noturna poderia proporcionar.

Quando eram por volta das cinco da manhã, o ônibus fez uma parada definitiva e os passageiros foram divididos em grupos, de acordo com os seus destinos finais. Cada grupo foi encaminhado para uma caminhonete, que levava para um ponto específico da cidade (Surathani), onde ele esperaria pelo próximo meio de transporte. Nessa parada, a moça que sentou ao meu lado no ônibus descobriu que havia sido roubada. Mas não foi qualquer roubo não; foram surrupiados HUM MIL E DUZENTOS DÓLARES da mala dela. Nessa hora eu me senti o cara mais esperto do mundo e ela; imagino que a mais ingênua, pra ser bem educado. Sorte dela que ela tem volta marcada para casa em menos de uma semana.

Roubos à parte, as sete e meia da manhã (após mais de uma hora de espera) chega a van que nos levaria para Hat Yai, ainda na Tailândia, onde faríamos mais uma transferência. Eu não gosto de vans; elas são pequenas, apertadas e não comportam uma pessoa do meu porte, ainda que ele seja hmm, digamos, atlético! De alguma forma eu consegui me encaixar lá dentro e a viagem prossegiu. Em uma determinada hora, o cara que estava do meu lado vira pra mim e pergunta de onde sou; dou a resposta típica e ouço uma réplica finalizada com um palavrão. Ele era português. Apesar dos meus encontros esporádicos com brasileiros, eu nunca conversei tempo suficiente com eles e as vezes sentia falta disso. Quer dizer, eu sentia falta de jogar palavrões no meio das frases e justificar o seu uso como advérbios de intensidade! Conversamos por todo o percurso, falei todos os palavrões que queria falar e chegamos no ponto de mais uma troca de meio de transporte.

Para a minha (in)felicidade, o último e derradeiro trecho também seria feito em uma van, muito embora ele duraria menos do que as quatro horas do trecho anterior. Após uma hora, chegamos na fronteira entre a Tailândia e a Malásia. O processo de imigração estava complicado, os oficiais questionando muitas pessoas e eu um pouco ansioso. Quando chega a minha vez, o oficial pega meu passaporte, vê que sou do Brasil e solta um largo sorriso. Nessas horas eu nunca quero ser de outra nacionalidade. Depois dos trâmites, volto à van e descubro que mais pessoas se juntaram aos demais passageiros, de modo que eu tive que entrar e me alocar como uma peça de tetris, literalmente!

Duas horas depois, VINTE E QUATRO HORAS depois de ter saído de Bangkok, eu finalmente chego ao meu destino final.

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