Wednesday, December 17, 2008

Dia 68 - Kaoma e Karaokê

Certo dia estava andando pelas ruas de Phnom Penh, quando ouço alguns acordes conhecidos vindos de um carrinho de sorvetes da Nestlê. Prestando um pouco mais de atenção, vejo que é a música mais famosa do Kaoma, que arrastou multidões e foi hino de uma geração inteira com seu refrão inesquecível, como diria o Faustão em um quadro do tipo "Relembrando o Passado". Os acordes eram intermitentes e quando eu menos percebí, estava cantando "choraaaando se foi quem um dia só me fez choraaar" pra curiosidade de quem estava comigo e do vendedor de sorvetes. Expliquei o porquê de saber a música e perguntei como eles a conhecem, mas não obtive resposta.

Hoje, quando estava tomando café da manhã na guesthouse, o celular da dona toca e qual é o toque escolhido? KAOMA! Eu já tinha ficado muito surpreso ao ouvir essa música no Camboja e eu poderia esperar ouvi-la na Papua Nova Guiné, mas não em Myanmar. E, novamente para a minha infelicidade, não souberam me explicar como, quando, onde e porque essa música continua viva na mente das pessoas do Sudeste Asiático.

Falando em música e asiáticos, não podmos nos esquecer dos karaokês! São muitos e espalhados por todos os lugares, mas esse não é o aspecto mais curioso. Em toda viagem de ônibus que você faz, o motorista vai colocar um DVD com a compilação das melhores músicas e vídeos para o deleite dos passageiros, inclusive eu, que assisto e ouço tudo com uma curiosidade quase infantil. As músicas sempre tem o mesmo ritmo: lentas e com o refrão, repetido à exaustão, um pouco mais rápido. Os clipes também são a criatividade em seu estado puro: todos sem exceção contam a história de um cara (o cantor) que trata mal/se apaixona e não é correspondido pela garota, com flashbacks até que no final tudo se resolve e todos ficam felizes.

Escrever sobre os DVDs nos ônibus me fez lembrar de uma ocasião (provavelmente não comentada) na Tailândia, quando eu voltava de uma cidade: ônibus cheio, umas quinze pessoas em pé (eu incluso) e muito calor. Nisso o motorista colcoa um filme do Chaplin. Até aí tudo bem, mas após alguns segundos eu ouço alguns barulhos, vozes, pra ser mais exato. É, vocês acertaram; o filme do Chaplin foi dublado. O pior não é nem isso; é imaginar que ALGUÉM FOI PAGO PRA DUBLAR UM FILME MUDO! Coisas que só o Sudeste Asiático pode proporcionar pra você!

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