Thursday, December 18, 2008

Dias 93 e 94 - A viagem mais épica

Já cansei de dizer aqui que gosto de fazer os deslocamentos de ônibus, seja porque é mais barato, pela possibilidade de apreciar a paisagem ou para ter contato com os locais, as viagens de ônibus são sempre uma parte importante de qualquer viagem. Aqui na Indonésia as passagens aéreas são baratíssimas, só que as companhias aéreas pecam bastante na segurança, com seguidos acidentes, chegando ao ponto da União Européia colocar TODAS as cias aéreas da Indonésia em uma lista negra. Mais um motivo para usar o transporte terrestre, entretanto, eu mal sabia que essa viagem não seria como as outras.

De acordo com o meu guia de viagem, apesar da distância entre Medan e Bukittinggi ser algo como São Paulo e Curitiba, o tempo de viagem superava as VINTE HORAS. Cheguei na rodoviária por volta do meio-dia na esperança de pegar o primeiro ônibus da tarde. Para minha felicidade ninguém falava inglês e eu tive que me virar do avesso pra comprar a passagem. De acordo com quem me vendeu, o ônibus sairia as quatro da tarde e demoraria doze horas pra chegar ao destino final. Foi aí que começou a discussão: gesticulando com as mãos (como se adiantasse algo) e falando as horas na língua indonésia, eu tentei entender porque ele falou doze horas se na verdade eram mais de vinte. Após dez minutos dessa encenação teatral, ele me deu a infomação que eu não queria ouvir: o ônibus realmente demoraria mais de vinte horas pra chegar em Bukittinggi.

Pouco depois das três horas caiu um pé d'`agua bíblico e, como vocês podem imaginar, o ônibus atrasou. Quando ele chegou ainda chovia e ele parou entre a plataforma e um rio d'`agua. Enxarquei o tênis na àgua lodosa e entrei no ônibus. Como sempre, o ar-condicionado estava ligado na posição padrão: BRISA SIBERIANA; depois as pessoas reclamam do fato de ficarem doentes com facilidade. Poucos minutos depois, aninhado no meu banco, eu começo a sentir um cheiro de cigarro. À primeira vista, pensei ser do ar-condicionado, entretanto, uma olhada mais atenta fez com que eu ficasse surpreso: nada menos do que quatro pessoas estavam fumando no ônibus. Fumando no ônibus. Fumando no ônibus com ar-condicionado. Que tipo de pessoa má e sem coração fuma em um ônibus com AMBIENTE CLIMATIZADO, pensei eu. Não apenas porque isso me incomodava bastante, mas também pelo fato de qu tinha alguns bebês no local. Como ninguém falou nada, não sou eu, o estrangeiro que não entende patavinas da cultura local, que vai falar algo contra. Serão longas vinte horas...

A estrada está entre as piores que eu já peguei na minha vida. Imagine vinte horas descendo e subindo a serra, mas em uma estrada toda esburacada e com uma pista só. Está pra aparecer algo mais agradável do que isso!! Durante o percurso, perdi a conta de quantas vezes o ônibus foi para o acostamento para dar passagem ou ultrapassar outros veículos, quantas vezes ele quase bateu e quantas vezes ele parou para que os passageiros descessem e rezassem. E as pessoas continuavam fumando. FUMANDO EM UM AMBIENTE FECHADO.

Vinte e quatro horas depois eu cheguei. Depois eu reclamo de estar cansado. Duas viagens de 24h em uma semana...

1 comment:

Giu said...

Huhauahuahuahaua, brisa siberiana foi boa!

Gente, o busão pára pras pessoas rezarem?! Isso é muito fora da minha realidade!

E não, obrigada, não quero imaginar a estrada; pretendo não ter pesadelos à noite!

Vc estar "só" cansado é uma vitória. Eu no seu lugar estaria morta. E sem estômago. Huhauahuahua!