Wednesday, December 17, 2008

Dia 10 - Novas amizades

Hoje o dia tinha tudo pra ser morto. Viagem de 4 horas na hora do almoço, ter que procurar um lugar pra ficar em Phitsanulok e planejar os dois próximos dias. Tinha, mas não foi. Na estação conheci um cara e a gente ficou conversando por mais de uma hora, pois o trem atrasou um pouco. O inglês dele, assim como o da maioria das pessoas, é um pouco difícil de entender as vezes, mas com paciência tudo se resolve. Conversamos sobre futebol, falei que o São Paulo é o maior e melhor time do Brasil (óbvio) e expliquei pra ele um pouco de história do Brasil pra ele entender os fluxos migratórios e por que eu não tenho a cara do brasileiro típico que os tailandeses têm em mente. Aproveitei e aprendi mais meia dúzia de três palavras em thai! Ele pediu meu telefone e disse que vai ligar quando eu voltar pro Brasil.

Quando eu entrei no trem, descobri porque havia pago tão cara pela passagem (22 reais): eu pedi segunda classe (correto), só que além disso o cara me colocou num vagão com ar-condicionado (incorreto). Eu não suporto isso em transportes simplesmente porque não existe meio-frio; é um gelo e pronto. No meu vagão tinha "serviço de bordo" e a "ferro-moça" me deu um rato de comida: arroz meio sem sal, uma coisa em forma de mini-kibe e gosto de frango e outra coisa parecida com talharine, só que bem apimentada. Devorei.

Cheguei em Phitsanulok por volta da 17h sem nenhum mapa para me ajudar. Seguindo meus instintos consegui achar uma guesthouse MUITO barata e com razoável conforto. Depois saí para conhecer a cidade do jeito que eu sempre faço: escolho qualquer rua a esmo e a sigo até não existir mais caminho. E a cidade me surpreendeu. O caos no trânsito parece meio padrão nas cidades tailandesas, muito embora aqui ele exista em menor grau; o que me surpreendeu foi a razoável e bonita organização urbana, além do clima que é mais confortável do que nas outras cidades nas quais estive. Ao lado do rio ficam várias tendas de comida, todas cheirosas e bem-arrumadas, convidando os que passam por ela para comer.

Enquanto andava, fui interpelado por duas moças. Uma delas, falando inglês, disse que a amiga queria treinar o inglês dela com um estrangeiro. Isso acontece com muita frequência por aqui, eu já tinha ouvido falar, mas ainda não tinha acontecido comigo. Fomos comer num restaurante aqui perto e fizemos um mini-curos de inglês para a moça que está aprendendo e um mini-curso de thai para mim. Aprendi mais uma dezena de palavras, todas elas anotadas foneticamente no meu caderno. Aprendi mais um pouco sobre a cultura loca e expliquei novamente os fluxos migratórios, dessa vez pra falar dos japoneses e chineses. E finalmente descobri que o "r" aqui tem som de "l" e que é virtualmente impossível para eles pronunciar corretamente palavras como "obrigado".

Amanhã irei para um cidade perto daqui para uma visita de um dia e creio que ficarei por aqui um pouco mais do que imaginava. Phitsanulok parece não receber tantos turistas e os tailandeses acabam agindo mais naturalmente do que em outros lugares. A cidade é menos quente, masi bonita e o povo mais acolhedor: é a receita de sucesso para a minha permanência.

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